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By tecnicoemagropecuaria.blogspot.com

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19 de agosto de 2012

Comunidades tradicionais – Nossas jornadas: Comunidades Indígenas


Familia indigena Guarani

A Cúpula dos Povos (RIO +20) foi o momento simbólico de um novo ciclo na trajetória de lutas globais que produz novas convergências entre movimentos de povos e comunidades tradicionais de todo o mundo, dentre esses o encontro de autênticos indígenas e, lá estavam varias etnias. Em nossas andanças pela cúpula, tentamos estabelecer algum tipo de contato para saber de que nações pertenciam. Mas não foi possível, tendo em vista, que eram arredios e o que era possível no máximo, em breves contatos, era o interesse comercial, ai sim, não havia barreira linguística. É certo que lá estavam não apenas para vender seus objetos artesanais; que aliás eram belíssimos, mas para mostrar os seus valores culturais.

Nesse encontro, fez-nos relembrar a bela recepção que um seguimento desse povo nos ofereceu no final de 2009.

Tivemos a oportunidade de visitar a aldeia Indígena Guarani-Sapukai na localidade de Bracuí no Município de Angra dos Reis. Na época tínhamos a missão de entrevistar 80 famílias de Índios Guaranis. As dificuldades de comunicação, acesso e localização dos habitantes dentro da aldeia, foram superadas, diante do apoio de guias indígenas tradutores da região, no que foi de grande valia para o nosso trabalho designado e patrocinado por uma cooperativa de agricultores do Rio de Janeiro.
Durante três dias de interação, conseguimos realizar pelo menos 80 % do nosso trabalho. A demanda era de 400 indivíduos para contar naquela comunidade, no entanto, nos pareceu um numeral maior, diante da confusa tradução de nossos guias que usavam o seu dialeto na comunicação, comparados a nossa visão do aglomerado, pois não tínhamos o número exato de membros de cada família e era impossível contar diante do comportamento dispersivo e receio de contato (por parte de alguns deles) com a nossa equipe. Conseguimos localizar 55 famílias.
Usamos nosso comparativo com os da Secretaria de Ação Social do Município de Angra dos Reis, que com parceria com a FUNAI realizou o cadastramento para o Programa do Bolsa Família. A Aldeia Indígena Sapukai contava com 450 indivíduos, onde se afirmava serem 62 famílias que recebiam tal benefício, no que entrava em choque com os nossos dados preliminares, pois algumas famílias afirmavam não receber tal beneficio, por falta de documentos ou burocracia dos órgãos que atuam nessa ação. Outro dado é, que nem todas as mulheres tinham CPF.
Além desses informes, constatamos também um alto número de separação (divórcios) entre famílias constituídas, principalmente de jovens casais ou da integração de uma família a outra, donde se confundiam o real quantitativo de adultos habitantes da aldeia. Outra demanda, era o numérico maior de crianças, em relação aos informados, no que reforça as dúvidas de nossa equipe que trabalhou nessa tarefa, suspeitando que a totalidade ultrapasse de 500 indivíduos em 75 famílias.
Eram satisfatórias as ações daquela comunidade indígena, que preservam suas raízes históricas e cultua a preservação do local, principalmente por contar com um telecentro; posto de saúde; uma escola (Colégio Estadual Guarani Karai Kuery Renda) integrada com a comunidade, com conteúdos que leva em conta as características próprias; um pequeno comércio que atende os seus moradores; água de nascentes tratada de forma adequada, além de luz elétrica, através do programa Luz para Todos do Governo Federal, no que aparentemente facilita a qualidade de vida dos Guaranis da região, e isso visível.
A Aldeia Guarani do Sapukai-Bracuí dista 18 km das cidades de interesses (Parati-Angra dos Reis), tem acompanhamento permanente da FUNAI e FUNASA, conta com várias ações de interesses sociais, além de outros anseios para comunidade, como a melhoria das estruturas para receber visitantes, capacitação as jovens e mulheres que fazem o artesanato, ensinamentos das danças típicas como Sondaro (ou Xondaro) e o Tangará, também para os jovens.

A aldeia conta ainda com o apoio de uma ONG composta de profissionais de diferentes áreas de atuação - pedagogia, ciências sociais, história, movimentos sociais, artes e cultura, além de outras parcerias institucionais, tais como: MEC, SEE-RJ, Secretarias Municipais de Educação de Angra dos Reis e de Parati, UERJ, UFF, UFRJ, indigenistas e especialistas nas questões indígenas, dentre outras.
Os indígenas do Bracuí no município de Angra dos Reis são remanescentes e naturais de diversos Estados, como Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Espírito Santo. Não há diversidade religiosa no grupo aldeão, mantendo o Opy Reguá, como única religião de suas culturas.
O perfil de seus moradores é único, não há diversidade ou mistura racial de constituição familiar, mesmo com naturalidades distintas de seus moradores, não neutralizando propostas de ações de iniciativas culturais e socioeconômica especifica para comunidades tradicionais, mantêm suas raízes de natureza cultural, de remanescência e de "grau de consanguinidade". Embora cada nação indígena possua sua própria cultura com hábitos e costumes próprios, existem alguns constumes que são comuns a praticamente todos os povos indígenas brasileiros. Os indígenas da aldeia Sapukaí-Bracuí proporciou em nós, uma visão respeitosa. Um povo alegre e hospitaleiro, que lamentavelmente os livros do passado e do presente não registram as formas reais de vida do povo Guarani.

Vejam os vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=As0iKJ1IlBg&feature=g-upl






6 de agosto de 2012

Comunidades tradicionais - Cultura caiçara – Vila Trindade (Final)

Vila de trindade - fotos de 2009


Praia em Trindade com vários comécios na faixa da areia

Em nossas andanças pela antiga vila de pescadores em 2009, pudemos notar serviços públicos: uma Escola Municipal; uma casa que se diziam ser um Posto de Saúde; Transporte (uma linha de ônibus); coleta de lixo; instalação de uma empresa de telefonia, um cemitério (dentro de área de preservação ambiental); fornecimento de energia elétrica; grande número de pequenos estabelecimentos comerciais; e surpreendentemente, 51 pousadas, algumas delas, avançam, impedem ou deixam estreitos corredores de acesso às praias.
Não localizamos farmácias, posto policial, salva-vidas da Defesa Civil nas praias da região ou serviços de correios, não há endereçamentos postais, seus logradouros não são denominados. O quantitativo populacional é duvidoso, dizem ser de 800 pessoas no total, no entanto, diante das constituições familiares de remanescentes de caiçaras, além dos moradores que exploram o comércio, parece ser maior. Não se sabe a real demografia, inclusive do quantitativo de remanescentes de caiçaras.

Há uma entidade de barqueiros e pescadores na Vila de Trindade, com um minúsculo, precário e mal localizado entreposto para comercialização do pescado. As pequenas embarcações de alumínio não têm ancoradouros próprios e são espalhadas por vários pontos das praias existentes. Essas mesmas embarcações são utilizadas para passeios turísticos.

Dizem haver antigos conflitos entre caiçaras com grupos que alegam serem os donos de algumas áreas, com seus “empreendimentos imobiliários”. Quando se fala sobre os títulos da terra e o pagamento de Laudêmio, desconversam ou afirmavam não saber o significado de tal tributo.

Cemitério de Trindade  - área de preservação ambiental

A estimulação de visitantes em cada temporada merece cuidados, tanto de moradores que oferecem os serviços, como do Poder Público, pois diante pudemos observar e apurar em conversas informais, a Vila de Trindade não tem saneamento básico nas residências e nos estabelecimentos comerciais, são providos de fossas ou sumidouros para dejetos e outros despejos, e isso é muito preocupante, pois, a vila conta ainda, além das pousadas, com cinco irregulares áreas de camping.
Independente dos conflitos para se reconhecer a cultura local, aumento demográfico, irregular estrutura de serviços públicos, sem entrar no mérito de questões e metas de preservação de ecossistemas naturais e direcionamento das ações de órgãos de Unidades de Conservação, o Caiçara ainda está presente naquela região, mas gradativamente, perdendo a sua cultura e isso, precisa ser respeitado, pois estamos diante de uma das mais belas comunidades que fazem parte da história do nosso País.

A cultura caiçara precisa ser preservada e respeitada, principalmente, na melhoria da qualidade de vida, pois aquela comunidade está inclusa em uma cidade que possui referencia de patrimônio cultural, como é Paraty no Rio de Janeiro, e que tem conflitos de preservação ambiental, falta de saneamento e explosão demográfica, no entanto, tem seu titulo de Patrimônio Cultural do Brasil.

Invasão de construção em área ambiental

Posto de Saúde de Trindade


Antena de empresa de telefonia


Entreposto de venda de pescado
 
Invasão de quiosques em praias

31 de julho de 2012

Comunidades tradicionais - Cultura caiçara – Vila de Trindade (parte II)


Imagem de 2009

A vila foi formada, já a partir do século XVI com a miscigenação de brancos de origem portuguesa com grupos indígenas das regiões litorâneas do Estado de São Paulo (os tupinambás) e também houve o aporte de negros libertos que se afastaram das influências das áreas urbanas (cidades e vilas), além de uma pequena referência, não comprovada, de que houve tambem influência de Indios “Carapebas” que já habitavam aquela região.
Não restam dúvidas e é histórico, que deixadas toda a influência econômica da Coroa Portuguesa e do Império, que marcaram essa região, tais como a consolidação de Vilas com seus Casarios e as Senzalas na região de Paraty, e é incontestável o fato de que por trilhas passaram e construíram a história dos índios, dos escravos e os colonizadores, dando origem um povo de bonomia cultural, como os dos verdadeiros Caiçaras.
Segundo contam, a formação da vila de pescadores de Trindade, formou-se com esses povos, tendo em vista, que a terra do litoral não era fértil como no planalto para o cultivo de subsistência e passaram dedicar-se à pesca, com seus equipamentos feitos de forma artesanal, como as canoas de ubá e redes feitas de fibra de embaúba.
Atualmente a pesca com canoas de ubá e redes com até 50 braças de comprimento por 6 de largura; para facilitar a flutuação, bóias de cortiça na parte inferior as chumbadas ou peso de barro cozido nas extremidades da rede; cordas feitas de fibras vegetais para puxar o arrastão, hoje já não está presente, diante de outros manejos e equipamentos, como pequenas embarcações de alumínio e motores a diesel, para se chegar mais rápido ao local de pesca. Velhas canoas apenas são utilizadas para o “cerco”.
É notória a especulação imobiliária nas circunvizinhanças de Trindade, que estimula uma violenta e acelerada ação antrópica, motivada pela valorização das terras. O Caiçara nato, não está neste contexto, pois segundo relatos de seus moradores mais antigos, os conflitos e opressões vem desde os tempos dos primeiros habitantes, hoje “espremidos” em meros 30% das áreas que ocupavam da vila de pescadores, dando origem a Vila de Trindade.

As imagens abaixos foram feitas em 2009


 





28 de julho de 2012

Comunidades tradicionais - Cultura caiçara (parte I)


Vila de Trindade - Foto de 2009

A vida estressante da movimentação dos grandes centros urbanos, fatalmente provoca a busca por locais para descanso. O Campo, as montanhas e o litoral como abrigo para as folgas semanais e férias, são as opções. As áreas litorais do Brasil são sem dúvidas, as mais procuradas.

Sem saber, travamos contato com várias culturas tradicionais e uma das mais belas e antigas culturas brasileiras é a cultura Caiçara, um povo miscigenado.

Há algumas comunidades com poucos contatos com o "mundo de fora". Os verdadeiros Caiçaras evoluíram aproveitando recursos naturais à sua volta, que resultou numa grande intimidade com o meio ambiente. Subsisti talvez, por estarem em longínquos locais.
Para estudiosos sobre culturas tradicionais, os Caiçaras, é povo anfíbio, entre o mar e a floresta reunidos em pequenas comunidades e tentam, ainda hoje, preservar seus valores de grupo. Seus territórios - praias e enseadas – na sua grande maioria são de difícil acesso, por vezes protegido por Unidades de Conservação. A denominação Caiçara passou a ser sinônimo de pescador litorâneo.
É fato contraditório, que existam comunidades relativamente preservadas no Brasil e algumas delas, é objeto de estudo de vários Centros de Pesquisa, sobretudo no Sudeste (eixo Rio-São Paulo).

É fato também, que o panorama desta cultura viveu mais de um século em isolamento e hoje passa a travar contatos, cada vez maiores, com o universo urbano. Atualmente os seus locais de trabalho e moradias são alvo da especulação imobiliária, devido à sua beleza e excelente estado de conservação, em que muitas vezes, são os próprios que permitem ou fazem essa especulação, pressionados pela falta de alternativa de sobrevivência.
Uma dessas comunidades é da Vila Trindade no Município de Paraty (Costa Verde) no Rio de Janeiro, que vem perdendo as suas origens, mesmo quem ainda possa existir “alguns remanescentes”.

A Vila de Trindade, hoje, nada mais é do que um bairro desordenado, originário de uma ainda existente e espremida vila de pescadores Caiçaras, onde a diversidade de constituição familiar instituiu a “mistura” da cultura local com a de outras sem histórico de comportamentos e manifestações culturais (da crença, artísticas e culturais) provocando a neutralização efetiva de qualquer ação de iniciativas culturais e socioeconômica especifica para comunidades tradicionais.
Os que se denominam remanescente de Caiçaras, dissimulam a fraca atividade pesqueira com o comercial; o turismo parece imperar, tendo em vista, as belezas naturais da região que estimula a presença desordenada de inúmeros visitantes, onde os seus moradores locais procuram explorar essas visitações, com produtos de outras regiões, bem como os caríssimos passeios de barcos.

A Comunidade Caiçara de Paraty fica na região Sul do Estado do Rio de Janeiro, microrregião da Baía da Ilha Grande e mesorregião Sul Fluminense, com seu ponto limítrofe com o Estado de São Paulo, em ponta rochosa junto ao mar e referência denominada de Cabeça do Índio (23º 22’ 81” S e 44º 43’ 26.37” O), onde o Governo Federal em fevereiro de 2009 delimitou parte (Praia do Meio) integrante do Parque Nacional da Serra da Bocaína.

A real cultura caiçara daquela região, falaremos no próximo post.

Comércio e barcos para passeios - Praia do Caixadaço é área de preservação ambiental

Comércio na Praia do Meio - Área de preservação

22 de julho de 2012

Comunidades tradicionais – Nossas jornadas.


Caiçaras da Vila de Trindade - Paraty/RJ

Em nossas andanças na Cúpula dos Povos, evento paralelo do grande Fórum Global (RIO +20) realizado na cidade do Rio de Janeiro, um fato nos chamou a atenção, que foram às queixas feitas por alguns representantes de pequenas comunidades tradicionais. Queixas essas, que são o reconhecimento de suas atividades que mantém viva as suas culturas. Logicamente essas queixas referiam-se a luta pela sobrevivência respeitando o meio ambiente com sustentabilidade. É certo saber que todos foram representados nos debates durante o fórum e nenhum seguimento foi relegado, mesmo os que não estavam presentes ou se fizeram representar.
Em nossas andanças no território da Cúpula, procuramos interagir com grupos isolados que não fizeram parte nos debates nas tendas ou dos pontos de cultura. Procuramos conversar com representantes de comunidades de pré-assentados, indígenas, quilombolas e caiçaras. Desta última citada, não encontramos nenhum representante.
Como tivemos a oportunidade de trabalhar (assistência técnica) em algumas comunidades tradicionais, por designação de uma cooperativa de agricultores e temos um farto material colhido (relatórios e imagens) durante nossos trabalhos, vamos aqui publicar um resumo de nossas jornadas feitas nessas comunidades.
Começaremos pelo povo caiçara, que fazem parte das culturas litorâneas brasileiras e representam um forte elo entre o homem e seus recursos naturais, gerando um raro exemplo de harmonia com o seu ambiente. Os caiçaras são um exemplo vivo da combinação índio-colono, terra-mar; que se estabeleceram nos costões rochosos, restingas, mangues e encostas da Mata Atlântica.

4 de julho de 2012

Cúpula dos Povos e o Camelódromo cultural da RIO +20


Na Cúpula dos Povos, o atual modelo do agronegócio foi criticado e apontado como o principal responsável pela crise alimentar. Esse tema foi muito discutido na Plenária 3, onde se tratou da Soberania Alimentar. Diversas organizações e movimentos sociais do campo nacional e internacional estavam presentes, entre esses, representantes de movimentos quilombolas e indígenas que ofereciam produtos produzidos em suas comunidades.
Sem contar da presença de outras lideranças e manifestantes com objetivos comuns no Fórum Global, o número de visitantes que circulavam fora das tendas e nos pontos de culturas, de um modo geral, despertou o interesse de alguns oportunistas, que nem sequer eram membros envolvidos na agricultura familiar, nativos ou remanescentes.

A venda de produtos produzidos por diferentes povos, principalmente artesanatos indígenas, eram os mais apreciados, tenda em vista, a beleza e variedades feitos de sementes, penas de pássaros e objetos de madeira. Logicamente o trabalho de produção dessas comunidades deve ser valorizado, principalmente, por serem produtos extraídos respeitando o meio ambiente com sustentabilidade, no entanto, a supervalorização de objetos produzidos, até mesmo os mais simples, não era justa.

Cabe aqui esclarecer, que não é intenção desse blog desmerecer ou desvalorizar a arte e talento dos representantes natos de comunidades tradicionais. Conhecemos o real valor desses atores. Era fácil saber e identificar os que se aproveitavam da realização do evento paralelo da Conferencia da RIO +20, para colocar a venda produtos que nem de perto podia ser comparado com os verdadeiros artesanatos produzidos por comunidades tradicionais.
Foi fato, o comportamento em aproveitar do evento para faturar, sem princípios e com interesses indesculpáveis, não alija alguns membros dessas comunidades, tendo em vista, que era fácil encontrar barracas e lonas plásticas no chão com inúmeros produtos, com preços fora da realidade e para os padrões sociais da maioria dos participantes e visitantes que queriam levar uma lembrancinha para recordar do histórico evento. Em uma conversa, um deles chegou a nos confessar: “meu interesse é vender para os gringos”.

Ora, um evento em que os assuntos eram a erradicação da pobreza, a sustentabilidade e o desafio urgente de frear a nova fase de recomposição do capitalismo, não pode ter presente essas figuras que denigrem a imagem de honrosas comunidades culturais.

Lamentável, mas transformaram a Cúpula em um camelódromo cultural.







1 de julho de 2012

APA dos Morros Garapenses na RIO +20

Durante a realização da Conferência da RIO +20, os eventos paralelos foram destacados na mídia com seus movimentos culturais e de protestos. A diversificação de culturas, sem dúvidas, foi o grande marco do encontro. Povos de todas as regiões do Brasil e do mundo marcaram presença na Cúpula dos Povos com suas propostas, opiniões e de demonstração de lutas.
Logicamente quem não teve a oportunidade de estar presente naquele grande encontro assistiu e acompanharam as notícias através da TV, internet e até pelo rádio, pois várias emissoras estavam presentes fazendo suas transmissões nas atividades da Cúpula.

Em nossas andanças naquele evento, participando e assistindo as plenárias, procuramos também fazer contato com grupos isolados, mais que se destacavam com suas histórias de lutas em suas comunidades, como por exemplo, dos envolvidos na agricultura familiar e que tratam suas culturas focadas na agroecologia. Um desses grupos que marcou importante presença e que interagimos, foi o do APA Morros Garapenses.
Este grupo veio da região leste do Maranhão, que fica em uma área de mais de 234 mil hectares e distante 332 Km da cidade de São Luiz e 112 Km de Teresina, compreendendo briosas cidades, que são os municípios de Buriti, Duque Barcelar, Coelho Neto e Afonso Cunha.

Procuramos saber desse grupo, a importância de seus trabalhos na região e como tratam as suas atividades relacionadas com o meio ambiente. Logicamente nos alongaríamos em transcrever o que nos relataram. Um membro do grupo procurou; com muito orgulho, ilustrar como é a beleza da região, a história e cultura comum dos municípios formadores da APA dos Morros Garapenses que é ricamente expressada nos festejos juninos, carnavalescos e os ciclos religiosos; além da poesia dos trovadores e poetas regionais, que cantam a vida e as belezas da Unidade de Conservação, que é privilegiada por um meio ambiente transitório de Cerrado e Caatinga, com biodiversidade rica de fauna e flora, abundância hídrica de nascentes e riachos de águas cristalinas e turvas. Outro integrante completou a conversa, destacando dois rios que nascem na APA, o Estrela e o Mirim, banhado belo Rio Parnaíba de águas claras e sedutoras praias convidativas e agradável ao banho.

A região nos parece tão bela, que outro integrante destacou a centenária Fazenda Santa Cruz em Buriti com a lenda da Lagoa e possuidora de documentos do império e da escravidão. Junto com floresta de árvores fossilizada o outro destaque fica em Duque Barcelar, que é testemunho do dilúvio, segundo contam.
A APA Garapenses possui belos e famosos morros, e um deles possui mirantes naturais que se contemplam com espetaculares paisagens de lagoas, florestas de babaçu e do Vale do Parnaíba.

Entusiasmados, a população do Morros Garapenses, nos convidam para conhecer, além de seus trabalhos de sustentabilidade; um roteiro certo, para quem gosta de diversidade cultural, ciências, religiosidade, vida ao ar livre com aventuras.

Obrigado ao povo do APA do Morros Garapenses por nos acolher (esse blog) com tanto carinho, durante a realização das atividades na Cúpula dos Povos na RIO +20, nos presenteando com saberes e belas histórias de lutas, sustentabilidade com respeito ao meio ambiente.









28 de junho de 2012

HUMANIDADE 2012


Sem dúvidas a realização da RIO +20 (Conferencia das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável) foi um encontro importante e de reflexão para a sociedade civil. Os eventos paralelos marcaram por suas importâncias. Antes mesmo de assistir os debates e discursões de várias plenárias realizadas na Cúpula dos Povos no Aterro do Flamengo, para poder entender as manifestações e opiniões de inúmeros representantes de vários seguimentos ali presentes, desde atores da agricultura familiar as comunidades tradicionais, presentes em várias tendas e pontos de culturas; percorremos toda a cidade para apreciar as mostras promovidas, principalmente das que “falavam” de sustentabilidade e degradação da natureza.
A exposição realizada no Forte de Copacabana, com a gigante estrutura montada (andaimes tubulares e tapumes), nos pareceu fraca na mensagem e sem objetividade, apesar do vigoroso titulo HUMANIDADE 2012. Aquele evento na visão desse blog, não conseguiu transmitir de forma concreta a intenção de seus idealizadores a transmitir o verdadeiro e importante papel que o Brasil exerce como um dos lideres globais nos debates sobre o desenvolvimento sustentável. Segundo seus organizadores, a exposição convidava a sociedade a refletir e aprofundar a compreensão acerca de um modelo possível de desenvolvimento.


Com a assinatura da cenógrafa Bia Lessa, a exposição foi idealizada a partir do conceito de que “ser sustentável e ser simples”, não conseguimos entender essa simplicidade, pois encontramos em exposição materiais que de sustentável não tinham nada, se não, a desorganização, a frágil e desrespeitosa recepção. Era visível a decepção dos visitantes durante as horas de espera nas infindáveis e desordenadas filas (fora e no interior do forte) e após percorrer as salas e rampas.
Não vamos aqui descrever a nossa visão sobre cada sala, nem tão pouco, tecer ferrenhas criticas do que estavam expostos, pois de certa forma, alguns espaços tinham painéis com mensagens positivas, no entanto, provocava longas leituras, principalmente pelas minúsculas letras, para entender.

Patrocinada e com o apoio de conceituadas instituições, como por exemplos: Fundação Roberto Marinho, FIRJAN, SEBRAE e Prefeitura do Rio, a exposição HUMANIDADE 2012 não contribuiu com as finalidades da RIO +20, pois mostrou apenas o que já são conhecidos e contestados pela sociedade civil, não trouxe nada de inovador e alternativo que pudesse chamar a atenção sobre o que é realmente sustentabilidade e respeito ao meio ambiente.
Logicamente não podemos cobrar aqui uma visão técnica dos que visitaram aquela exposição, 90% estavam ali apenas passeando e procurando preencher o seu tempo de lazer e não mostravam interesse para as já conhecidas fotos de conceituados fotógrafos, que facilmente são encontrados na internet; os painéis não chamavam a atenção dos visitantes, pois era confuso o trânsito de centenas de pessoas que se acotovelavam em pequenas salas, que os monitores e seguranças tentavam controlar, apressando os visitantes na dispersão para que outros entrassem e desse seguimento a enorme fila.

Quanto a recepção dos monitores, era uma “DESUMANIDADE”, pois franqueavam de forma desrespeitosa o acesso de figuras não credenciadas para o evento, inclusive até, retardando o verdadeiro preferencial de idosos, provocando ainda mais o aumento da fila, pois muitos não tinham idades para o acesso preferencial determinado por lei ou davam “carteiradas”.


O que mais nos chamou a atenção, foi os enormes corredores com centenas de vasos e caixotes de plantas compradas em algum horto que eles denominaram de jardim, e para quem não conhece o mínimo de nomes de plantas, ficava impossível de identificar, não tinha uma única etiqueta para facilitar, nem como nome popular ou cientifico. Eram plantas medicinais, frutíferas, florísticas, cactáceas e bromeliáceas. Uma etiqueta com a identificação poderia ajudar, para saber inclusive as variedades de biomas distintos: Cerrado, Mata Atlântica e Amazônica.

Com a fortuna patrocinada e gasta para a realização da exposição, daria para contratar um Botânico. Ser simples seria isto.