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By tecnicoemagropecuaria.blogspot.com

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24 de março de 2011

Taquaraçu de Minas e a qualidade do leite (Parte I) - Andanças nas Minas Gerais


Sabemos que as instalações são de grande importância na criação de animais, porque facilita no manejo e influi diretamente na produtividade e saúde do rebanho. Em nossas andanças nas Minas Gerais, ficamos preocupados com o que vimos, tratando-se da qualidade do leite. Logicamente, não queremos aqui generalizar, pois o que vimos, foi apenas em pequenas propriedades leiteira de Taquaraçu de Minas.
Não é um modo geral, mais notamos que as pequenas propriedades não possuem estrutura adequada para manejo dos animais. È comum produtores não dispor de um local coberto para a ordenha, sendo que alguns usam o próprio curral para ordenhar as vacas. Queremos acreditar, que é por falta de orientação técnica, de no mínimo, na melhor hipótese, conhecimento do Anexo III da IN nº 51 (Regulamento Técnico da Produção, Identidade e Qualidade do Leite Tipo C). Primordial a orientação e assistência técnica, pois, além do consumo do produto e alguns derivados, também são comercializados na região.
Passados quase dez anos após a vigência da Instrução Normativa nº 51, editada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que instituiu critérios para a produção, controle de qualidade, armazenamento e transporte do leite, constata-se que novos procedimentos vêm fixando uma nova cultura para o setor produtivo, que passou a priorizar o aspecto qualitativo da atividade. Nos parece, que naquele município mineiro, ninguém sabe disso, inclusive, procuramos na Prefeitura o setor que trata esse assunto e simplesmente ninguém sabia informar, obviamente perdoamos os “desinformados”, porque procuramos o assunto numa época agitada, afinal, todos estavam interessados puramente nos festejos natalinos. Andamos pela pequena cidade e procuramos também, órgãos específicos (federal ou estadual) e não encontramos.
Havia interesse, da nossa parte, saber informações sobre a agropecuária e agroecologia desse município visitado, então, procuramos os recursos virtuais, para a nossa surpresa, no Site da prefeitura não foi possível, pois no link da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente, não consta noticias ou informes de suas atividades, se não, o nome do secretário. Seria de grande valia se os dados das demandas da agropecuária de Taquaraçu de Minas fossem divulgados, pois serviria para que este blog fizesse comparativos das atividades sem correlacionar e generalizar os pontos nocivos do que vimos, em relação a qualidade do leite e seus derivados produzidos naquela região, assunto que falaremos no próximo post.

20 de março de 2011

Ora-pro-nobis - Andanças nas Minas Gerais (Parte V - final)


Há duas variedades mais conhecidas desta planta. A Pereskia aculeata Mill, que é a do tipo “trepadeira” e a Pereskia grandiflora Haworth, que tem forma arbustiva.
A P. grandiflora pode atingir mais de 6 metros de altura, apresenta folhas grandes, ovais e brilhantes. Na floração, um buque cor de rosado apresenta-se de forma magnífica. Com a formação dos frutos, cada um em formato de uma pequena pêra, em que muitas vezes, surge na ponta uma nova flor e em seguinte, outro fruto. Uma curiosidade, na formação dos frutos (no buque), vem semelhança a um colar ou rosário, o que provavelmente, deu origem ao nome a planta, Ora-pro-nobis.
Esta variedade (P.grandiflora) é a mais indicada para a composição de “sebes” ou cercas vivas, pois, com mais espinhos, oferece melhor proteção, e a decoração quando bem manejada, fica mais vistosa. Presume-se que a planta seja originária da América Tropical. Segundo o botânico Manoel Pio Correa, citado no Livro de Ouro das Flores (2004), da autora Cecilia Beatriz L. V. Soares – a planta pode ser também, nativa nos estados de Pernambuco, Bahia e Minas Gerais.

Em nossas leituras, notamos que alguns autores, referem-se a planta como originária das Antilhas e litoral do Golfo do México. Fazem nomenclaturas e sinônimos botânicos diversos, inclusive o popular “mata velha” (exemplo: Pereskia acardia Parm. e P. longispina Haw), que também são cactáceas com as mesmas características, então desconsideramos, para não alongar este post e facilitar a leitura de nossos seguidores e leitores, pois é complexa a família botânica das cactáceas (84 gêneros e 1.400 espécies), pois, nem todas são comestíveis ou tão pouco, pode ser utilizadas na agricultura ou na medicina popular, que são utilizadas para aliviar processos inflamatórios e na recuperação da pele em casos de queimaduras.
Há “relatos”, além de lendas, que durante o ciclo do ouro em Minas Gerais, muitas receitas eram preparadas com a planta Ora-pro-nobis, serviu para “matar” a fome de escravos e de seus descendentes alforriados, no entanto, fizemos leituras de trechos em 23 obras, dos anos de 1690 a 1789 (books.google/tradutor) e não encontramos registros da planta sendo utilizada na culinária, sobre qualquer forma, mesmo nas datas do período colonial e do ciclo do ouro no Brasil, apenas encontramos registros de dados botânicos, (plantio, formas de propagação e de manejos em jardins).
Como era nosso interesse, não encontramos referencias ou dados científicos da utilização ou de resultados da planta na alimentação animal, além das informações já contidas na mídia digital. Quanto a dispersão biológica dessa cactácea, as informações se confundem, pois carece de consistência das fontes, para afirmar sua origem, no que concerne ao genero Pereskia.

Como plantar:

Solo: qualquer tipo (melhor com adubação orgânica);
Clima: tropical e subtropical;
Área mínima: Não há, pode ser plantada em jardins e quintais;
Colheita: a partir do terceiro mes após o plantio, inclusive para aplicar uma estética na planta;
Custos: órgãos de extensão rural de municípios, podem fornecer estacas ou mudas;

Cultivo

A variedade mais indicada para cultivo com fins comerciais é a que produz flores brancas. Elas podem ser fornecidas por órgãos de extensão rural ou em feiras de produtores;
Sua rusticidade permite que seja cultivada em diversos tipos de solo, inclusive não exige que eles sejam férteis. A ora-pro-nobis também se desenvolve em ambientes com incidência de sol ou meia-sombra. Melhor no começo do período das chuvas. A planta é resistente à seca, mas o acesso à água nessa fase do cultivo estimula o crescimento dos ramos.
A ora-pro-nobis é propagada por meio de estacas. Para conseguir melhor pegamento das mudas, use a região localizada entre as partes mais tenras e as mais lenhosas da haste. Corte cada estaca com 20 centímetros de comprimento e enterre um terço dele em substrato composto por uma parte de terra de subsolo e outra de esterco curtido. Após o enraizamento, transplante as mudas para o local definitivo.
O espaçamento varia de acordo com a finalidade do cultivo. A ora-pro-nobis pode ser usada como cerca viva, ornamentação e para consumo das folhas. Se a prioridade for o alimento, pode-se adensar o espaçamento, deixando de 1 a 1,30 metro entre fileiras e de 40 a 60 centímetros entre plantas. Mas as folhas podem ser consumidas em qualquer caso, mesmo se a destinação tiver fins ornamentais ou a construção de cerca viva.

Manejo

Embora seja pouco exigente em adubações, mantenha bom nível de matéria orgânica no solo para um pleno desenvolvimento das plantas e boa produção de folhas. Faça manutenção a cada dois meses e execute podas dos ramos a cada 75 a 90 dias na estação chuvosa e a cada 90 a 100 dias na estação seca, quando a planta deve ser irrigada.

A partir de três meses após o plantio, pode ser iniciada a colheita das folhas da ora-pro--nobis - após a poda dos galhos. As folhas devem apresentar de 7 a 10 centímetros de comprimento. Coloque luvas para a hora da coleta, a fim de evitar ferimentos pelos espinhos. Em geral, cada corte rende entre 2.500 e 5.000 quilos de folhas por hectare, variação que ocorre de acordo com a condução e a época de desenvolvimento da cultura.

Para as postagens da série ora-pro-nobis (andanças) nas Minas Gerais:

Agradecemos as pessoas que conversaram conosco nos municípios de Belo Horizonte, Santa Luzia, Sabará e Taquaraçu de Minas. Os locais foram citados nas postagens.

Nossas leituras:

O Livro de Ouro das Flores – por Cecilia Beatriz L. da Veiga Soares (2002) – Editora Ediouro Publicações – Rio de Janeiro;
Viagem gastronomica através do Brasil – por Caloca Fernandes (2001) Editora Senac – São Paulo;
Manual de olericultura: cultura e comercialização de hortaliças - Ceres 8 – por Fernando Antônio Reis Filgueira (1972) Editora Agronômica;
Horticultura brasileira: revista da Sociedade de Olericultura do Brasil, Volume 24, Editora A Sociedade, 2006;
Frutas: sabor à primeira dentada – por Gil Felippe, Editora Senac, 2004;
Enciclopédia agrícola brasileira: I-M - Volume 4 de Enciclopédia agrícola brasileira, Por Francisco Ferraz de Toledo - Colaborador Julio Seabra Inglez Souza (2004) - Editora EdUSP;
Revista Brasileira de biologia, Volume 57, Edições 3-4 - Autores Academia Brasileira de Ciências, Sociedade de Biologia do Brasil - Editora Academia Brasileira de Ciências, 1997 - Original de Universidade de Michigan;
O Jardim: uma revista ilustrada semanal de jardinagem em todas as suas ramificações, Volume 49, William Robinson - Editora sn, 1896, Original de Universidade de Michigan – Digitalizado/out. 2009;
The Horticulturist, and Journal of rural art and rural taste, Volume 11 - Volume 656;Volumes 890-893 de American periodical series, 1800-1850. Por Andrew Jackson Downing -Published by Luther Tucker, 1856, Original de Universidade da Califórnia Digitalizado/fev. 2009

Sites consultados

Melissotroficas - disponível em: http://www.melissotroficas.com.br/index.asp
Globo Rural - disponível em: http://revistagloborural.globo.com/Revista/Common/0,,EMI160017-18293,00-ORAPRONOBIS.html
Universidade Federal de Lavras – disponível em: http://www2.ufla.br/~wrmaluf/bth037/bth037.html
Plantas Medicinais (USP-EsalQ) – disponível em: http://ci-67.ciagri.usp.br/pm/index.asp





12 de março de 2011

Ora-pro-nobis - Parte IV


O que transcrevemos aqui, vem de leituras em matérias jornalísticas (revistas, jornais, Globo Rural, sites e blogs de assuntos culinários), entrevistas com moradores de Sabará e Santa Luzia, por ocasião de nossa visita nesses municípios. Dos informes técnicos, nos parece, que a única fonte conhecida de informação cientifica, são de autoria do Professor José Cambraia da Universidade Federal de Viçosa, onde ele descreve, sem muitos detalhes, a classificação taxonomica, dos princípios nutricionais da planta e o manejo de plantio.
Há alguns estudos, que apontam dados etnobotânicos, revelando que na Pereskia grandifolia e a Pereskia aculeata, denominadas popularmente de Ora-pro-nobis, as folhas são empregadas topicamente como emoliente na medicina popular, em razão do seu conteúdo mucilaginoso e adicionalmente, são consumidas na culinária regional brasileira, levando indústrias alimentícias a incluí-las em complementos alimentares, devido ao alto teor do Biopolímero Arabinogalactana (açúcares, aminoácidos e nucleotídeos). Esses dados estão conclusos na “Análise Morfo-anatômica de Folhas de Pereskia grandifolia Haw”, em 2004, estudos feitos por: Paulo V. Farago (UEPG, Ponta Grossa, PR); Inês J. M. Takeda (UNICENP, Curitiba, PR) e de Jane M. Budel e Márcia R. Duarte (UFPR, Departamento de Farmácia, Curitiba, PR).
Há também, estudo anatômico de folha e caule de Pereskia aculeata Mill, concluindo estudo anatômico de folha e caule, apresentando caracteres estruturais que contribuem na identificação da planta no uso medicinal e que podem ser aplicáveis ao seu controle de qualidade, e devem ser considerados em conjunto, levando-se em conta que alguns caracteres comuns a outros representantes do gênero e isoladamente não apresentam valor taxonômico para sua diferenciação, uma vez que espécies em grupos muito próximos apresentam caracteres estruturais e compostos químicos em comum. Esses estudos foram feitos M.R. Duarte e S.S. Hayashi do Laboratório de Farmacognosia, Departamento de Farmácia, Universidade Federal do Paraná.

Em nossas leituras, descobrimos que, além de não possuir nenhum princípio tóxico, a Ora-pro-nobis é extremamente rico em proteínas de boa qualidade. Das análises feitas em folhas mostram que este vegetal possui 25% de proteínas, sendo alta a sua digestibilidade, cerca de 85%. Apresenta uma composição bem balanceada, com certos aminoácidos essenciais, em teores excepcionalmente elevados, destacando-se a lisina, cujo teor no "ora-pro-nobis" foi superior ao de vários alimentos tomados para comparação em relação a outros alimentos, por gramas/Kg de peso seco: Ora-Pro-Nobis (11,5); Milho comum (2,3); Couve (0,5); Alface (0,5) e Espinafre (1,6).

Conhecida popularmente como “carne dos pobres”, o que se sabe, que das suas folhas sem sabor, pode ser adicionadas a qualquer comida: saladas, lanches, sucos, bolos, pizzas, sorvetes, a qualquer receita. Tendo mais ferro que a carne ou o feijão, mais cálcio e fósforo para os ossos que o leite, magnésio e vitamina C para a resistência imunológica, vitamina A para a visão, Triptofano para o cérebro, Lisina para o crescimento, mucilagem para funcionamento perfeito do intestino, ótima para regimes de emagrecimento e muitas outras vantagens.
Com sua característica espinhenta, é a planta campeã para cercas vivas. Quanto a sua serventia para alimentar animais e a que fêmeas em lactação produz leite de excelente qualidade, não encontramos estudos científicos, que confirmem esta afirmação.


No próximo e derradeiro post, descreveremos a forma de plantio, exigência de solo e adubação.

Glossário:

Etnobotânicos - é a ciência, ligada à Botânica e à antropologia, estuda as interações entre pessoas e plantas em sistemas dinâmicos. Também consiste no estudo das aplicações e dos usos tradicionais dos vegetais pelo homem. É uma ciência multidisciplinar que envolve botânicos, antropólogos, farmacólogos, médicos, engenheiros;

Biopolímero - são polímeros produzidos por seres vivos. Celulose, amido, quitina, proteínas, péptidos, ADN e ARN são exemplos de biopolímeros, nos quais as unidades monoméricas são, respectivamente, açúcares, aminoácidos e nucleotídeos;

Arabinogalactana - é uma espécie de proteína, glicoproteína, rica em hidroxiprolina e altamente glicosilada. Estão presentes em todas as plantas, particularmente abundantes nas paredes celulares, na membrana citoplasmática e em secreções extracelulares;

Emoliente - são formulações semisólidas, viscosas e monofásicas, possuindo combinações de água, óleos e gorduras, destinadas a ajudar a hidratar a pele e restaurar a oleosidade perdida devido ao ressecamento da pele;

Mucilaginoso - no sentido botânico é uma secreção rica em polissacarídeos. Retém a água aumentando de volume. Encontra-se, em alta concentração, em raízes aquáticas para sua proteção, envolvendo algumas sementes. São fibras onde a parede externa é lignificada e a interna contém muita celulose, é pobre em lignina, denominada camada G, absorve muita água.







6 de março de 2011

8 de março Dia Internacional da Mulher

Este blog faz homenagens ao Dia Internacional da Mulher.
Citamos algumas para representar os marcos das Conquistas das Mulheres na História.
Por suas lutas, conquistas, participação política, educação e papel da mulher na sociedade.

Elena Piscopia Cornaro - Primeira mulher com diploma superior/1678


Drª Veridiana Victoria Rossetti - Agronoma/ ESALQ-1939

                                        Celina Guimaraes - Primeira eleitora no Brasil

Luiza Alzira Soriano de Souza - Primeira mulher eleita Prefeita e Vereadora no Brasil

Drª Ana Primavesi - Pioneira da Agroecologia no Brasil



Drª Dilma Vana Rousseff - Economista, primeira mulher eleita Presidente do Brasil


Drª Sandra Barros Sanchez - Educação Agrícola - Vice Diretora do CTUR/UFRRJ

Minha mãe - Srª Beatriz Pereira dos Santos - Analfabeta - Agricultora familiar 

Minha irmã - Ana Cristina Lopes de Lima - Técnica em Hotelaria - CTUR/UFRRJ

As datas e os marcos das conquistas:

• 1788 - o político e filósofo francês Condorcet reivindica direitos de participação política, emprego e educação para as mulheres.

• 1840 - Lucrécia Mott luta pela igualdade de direitos para mulheres e negros dos Estados Unidos.

• 1859 - surge na Rússia, na cidade de São Petersburgo, um movimento de luta pelos direitos das mulheres.

• 1862 - durante as eleições municipais, as mulheres podem votar pela primeira vez na Suécia.

• 1865 - na Alemanha, Louise Otto, cria a Associação Geral das Mulheres Alemãs.

• 1866 - No Reino Unido, o economista John S. Mill escreve exigindo o direito de voto para as mulheres inglesas

• 1869 - é criada nos Estados Unidos a Associação Nacional para o Sufrágio das Mulheres

• 1870 - Na França, as mulheres passam a ter acesso aos cursos de Medicina.

• 1874 - criada no Japão a primeira escola normal para moças

• 1878 - criada na Rússia uma Universidade Feminina

• 1901 - o deputado francês René Viviani defende o direito de voto das mulheres

Santa Luzia, ora-pro-nobis


Igreja de Santa Luzia

Pode ser até coincidência, mais alguma coisa não estava bem com o clima, chovia muito em várias cidades de Minas Gerais (final de dezembro de 2010) e não pudemos expandir as nossas pesquisas, sobre as histórias dos municípios que tínhamos programado para visitar. Dias depois ao retornar ao Rio de Janeiro, acontecia a tragédia da Região Serrana, por ocasião, também das fortes chuvas.
Como a chuva atrapalhava as nossas andanças e a pesquisas sobre o Ora-pro-nobis, pois tínhamos que visitar algumas propriedades, resolvemos sair de Sabará e optar por outra cidade histórica. Em nossa visita ao Museu de Artes e Ofícios, despertou também, atenção sobre os Tropeiros e decidimos saber qual a cidade mais próxima de BH tinha fatos sobre o tropeirismo.

 Então, fomos para Santa Luzia, que é um dos mais antigos de Minas Gerais que se originou com aventureiros em busca de riquezas e que com o fim da exploração do ouro, o velho lugarejo e depois povoado de Bom Retiro, tornou-se um importante centro comercial e ponto de parada dos tropeiros que vinham negociar e comprar mercadorias.

Estranhamente, mesmo com a passagem dos tropeiros por Santa Luzia, das histórias da cidade, pouco se refere com a presença de muares, tanto como transporte de cargas ou passeios ecológicos, bem como, a criação ou reprodução. O último levantamento feito é de 2003 e se refere aos equinos, com rebanho106 cabeças. A cidade está voltada apenas para o turismo religioso, pois mantém viva a cultura popular através de festas religiosas como: Nossa Senhora do Rosário, Folia de Reis e da padroeira da cidade, Santa Luzia. O município vem se destacando pelo seu potencial de desenvolvimento industrial, comercial e de serviços.

Em nossas andanças, pudemos perceber o orgulho dos moradores da cidade e dos velhos casarios, pois, sabem eles, que ali passou figuras importantes de nossa história, como o bandeirante Borba Gato, que implantou em 1692 o primeiro núcleo da Vila, as margens do Rio das Velhas. O imperador D. Pedro II visitou Santa Luzia em 1881, ficando hospedado no Solar da Baronesa, hoje, um centro de referência social e cultural do século XVI, localizado na Rua Direita, no Centro Histórico. Sendo um dos municípios mais antigo de Minas Gerais, Santa Luzia, mantém mais de três séculos de história, que começou em 1697, onde ergueu-se o definitivo povoado, que primeiramente era Arraial e recebeu o nome de Bom Retiro. 150 anos depois, em 1856, o povoado foi emancipado e desmembrado de Sabará e a partir de 1924, passou a se chamar Santa Luzia.

Solar da Baronesa

Tudo começou, em 1692, durante o ciclo do ouro, com remanescentes da bandeira de Borba Gato e o fim do garimpo de ouro de aluvião e com a enchente de um rio que existia um porto para os barcos que navegavam pelo Rio das Velhas, transportando mercadorias comercializadas em Minas Gerais. Assim, Santa Luzia passou a ser um ponto de referência do comércio, cultura e das artes. O pequeno vilarejo mudou-se para o alto da colina, onde hoje, é o Centro Histórico da cidade.
Santa Luzia já foi palco de batalha (1842), final da Revolução Liberal, entre as tropas do governista Coronel Lima e Silva (Duque de Caxias) e do liberalista Teófilo Otoni que defendia a descentralização do poder e a autonomia das províncias. O casarão, que abriga hoje a Casa da Cultura, antigo Solar Teixeira da Costa, foi o quartel general dos revolucionários e ainda guarda as marcas de balas em suas janelas. A batalha final foi travada no Muro de Pedras, entre as tropas dos revolucionários e do governo. O antigo solar da Baronesa é a maior residência em estilo barroco, ele foi construído pelo primeiro marido da Baronesa Maria Alexandrina de Almeida em 1845, no solar foram feitas inúmeras festas, entre elas, no dia da visita do Imperador D. Pedro II, em 1881, que era padrinho de batismo da Baronesa.

Solar Teixeira da Costa - Palco da Revolução Liberal

Assim, formou-se Santa Luzia, com a riqueza proporcionada pelo ouro e o estilo barroco presente nos casarios. O Santuário da Igreja Matriz de Santa Luzia, concluído em 1778, abrigam em seu interior pinturas do Mestre Ataíde e pequenas obras de Aleijadinho e o Museu de Artes Sacras, inaugurado recentemente. A Igreja do Rosário erguida em 1755 pelos negros, tem o seu interior simples, com altares dedicados à Nossa Senhora do Rosário, Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora das Dores, hoje totalmente restaurada. Na Rua Direita, encontra-se a Capela do Bonfim, em estilo barroco, construída em 1711, em seu interior abriga a imagem de Nosso Senhor do Bonfim, esculpida por um escravo, em troca da sua alforria.

Há 12 km do Centro Histórico encontrara-se o Mosteiro de Macaúbas, construído em 1708, que foi o primeiro Colégio feminino de Minas Gerais, onde estudaram as filhas de Chica da Silva.
O Rio das Velhas teve grande importancia em Santa Luzia, pois foi visitada por uma aventureiro ingles, Richard Francis Burton em 1867 que vindo de Sabará de canoa, navegando o rio, hospedou-se num hotel que considerou muito precário, mais, barato para a época e teve sua atenção despertada pelo grande número de prostíbulos estabelecidos na vila apesar dela ser tida como sede de um santuário.
Infelismente, hoje, o Rio das Velhas sofre uma série de interferências. Boa parte do seu volume de água é captada por uma Estação de Tratamento. O rio recebe uma grande quantidade de esgoto através de afluentes como o Ribeirão Arrudas e o Ribeirão do Onça, que atravessam a cidade de Belo Horizonte. A degradação ambiental faz com que o Rio das Velhas se apresente em seu trecho mais conhecido como um rio de águas avermelhadas (em grande parte devido à presença de minério de ferro no solo da região), "barrenta”, extremamente poluída e assoreada. Praticamente não há vida nas águas do rio ao longo de muitos trechos.
Devido à importância histórica e ambiental, em 1997 foi iniciado um projeto, idealizado pela Escola de Medicina da UFMG. Com o objetivo de trazer de volta a vida à bacia do Rio das Velhas, o projeto iniciou uma série de ações para sensibilizar a opinião pública, que trariam resultados através do estabelecimento de políticas públicas municipais e estaduais, com controles mais rigorosos para os emissores de poluição instalados ao longo da bacia. O projeto tinha meta ambiciosa de revitalizar o Rio das Velhas no ano de 2010, mais, o que vimos lá, parece que naõ saiu do papel, uma pena.