Apesar de que muitos questionam e não ver relevância social e econômica na atividade de charretes como transporte, pelo menos, os parâmetros culturais devem ser discutidos. Não se pode intervir numa atividade, que é notória e que a cada dia vem se tornando cultural, mesmo sem apoio técnico, orientações básicas de manejo dos animais e de outras responsabilidades.
Todos os aspectos devem ser estudados, buscando soluções e colocando a prática num ajustamento de conduta, a garantir não só o bem estar dos animais, mais também, visando a importância e a sobrevivência dos trabalhadores dessa atividade; no meio turístico, em áreas rurais; no meio urbano, como transporte alternativo.
Em nossas andanças, vimos inúmeras irregularidades, tão aparentes, que não precisa ter conhecimento técnico para perceber. Logicamente, algumas carecem de bom censo dos utilizadores dos animais, como por exemplos, evitar “manqueira” por incorreções dos aprumos e dos cascaqueamentos mal feitos e menor frequência da troca das ferraduras gastas; não colocar em atividade animais com rigidez muscular, que provoca dor insuportável pelo excesso de peso e alta jornada de trabalho; animais tronchos, por alta infestação auricular de ectoparasitas (carrapatos). E como isso seria evitado? Com o apoio técnico, orientação com capacitação e um termo de ajustamento de conduta para se cumprir.
Segundo Hotang (1989), o cavalo não pode dizer que se sente mal, mas exprime seu estado, seja uma simples indisposição ou uma dor aguda, através de atitudes que é preciso ser reconhecida, a maioria deles mantém a cabeça baixa, o olhar melancólico e o apetite reduzido. Mostra-se particularmente fraco e fadigado no trabalho. Foi o que notamos na maioria dos animais do Município de Queimados, que não tem comportamento vivaz, são lentos nos intervalos entre as viagens, no que fica difícil diagnosticar o motivo, se por cansaço ou enfermidade. A aparência prostrada em alguns animais é digna de preocupação e exames clínicos detalhados por um veterinário, devem ser feitos para se saber as causas.
Não pudemos fazer perguntas aos charreteiros sobre o manejo profilático dos animais. Como já justificamos anteriormente, foi uma visita para reforçar no nosso conhecimento e visão técnica, não cabia formalismo, além de alguns aspectos, merecer uma assistência técnica especifica em nível superior.
Descrevemos aqui a nossa visão e comparando com conversas informais com os charreteiros, notamos que os animais com comportamento prostrado, 30% são machos, a maioria de seus donos não sabem suas idades. A aquisição desses animais, na maioria das vezes é feita em “rolos”, e são direcionados apenas para o trabalho em charretes. Quando perguntados sobre as femeas, foram reticentes nas respostas, a maioria não tem conhecimentos sobre o controle reprodutivo, “As éguas fica prenha e pari mesmo no pasto” disse um charreteiro, o que demonstra na resposta, desconhecimentos e que não há uma preocupação no processo de reprodução para fins econômicos, e os que nascem, são colocados precocemente no trabalho.
Quanto à alimentação, a nossa frente, ofertarão aos animais um tipo estranho de alimento. Perguntamos o que era aquilo, a resposta foi, “esta sopa é uma mistura que damos na hora dos descansos”.
Muitas foram as perguntas para tentar intender a demanda de irregularidades e não cabe detalhar aqui, apenas citaremos e ilustraremos com algumas fotos (abaixo do texto)), os tópicos preocupantes que comprometem o bem estar dos animais e que são necessárias as correções, para se manter aquela atividade como serviço importante a comunidade, sem questionamentos e contestações.
Não cabe aqui, fazer recomendações, mais é necessário, por parte dos charreteiros, evitar a suposição de conhecimento de manejo, pois muitas atitudes não correspondem à realidade encontrada. A prática nos parece ser, baseadas em informações adquiridas através do tempo e de fatos ocorridos por outros, no que os resultados refletem nos problemas observados, sobre tudo, na sanidade dos animais e nos equipamentos.
Condições de higienização do local de trabalho
Falta de manutenção das charretes
Local de descanso próprio ou cocheiras publicas para os animais
Cochos ou vasilhames individuais para administrar água e alimentos
Controle de ectoparasitas
Para os comentários dessa matéria agradecemos a atenção dos charreteiros e nos parênteses seus animais.
Ubirajara (Boneca); Tiago (Orelhinha); Anderson (Branquinha); Daniel (Mimoso); Mezenga (Moreno); Zé Carlos (Beleza e Brancão); Kátia (Mestiço); Liliane baixinha (Catarina); Alexsandro (Bainho); Lula (Prata); Russo (Queimadinho); Claudinho (Maria); Daniel Gomes (Estrela); Naiba (Fiel); Assis (Forró e Ceguinho); Cezar (Tiziu e Passo longo) e Eduardo Santos (Pretinha).
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