Um dos fatos que nunca contamos aqui aconteceu em nossas andanças por Minas Gerais. Na ocasião buscávamos informações sobre a planta ora-pro-nobis. Nessas andanças encontramos figuras autenticas que representam a nossa diversidade cultural. E uma das coisas que nos chamou a atenção foi à expressão “essa é minha besta de carga”, expressão essa que não é comum naquele Estado, referindo-se a um burro carregador de bananas. Logicamente não podíamos interromper a deliciosa conversa, pois entre uma fala e outra, comíamos bananas ouro. Também não podíamos concordar que aquele belo animal seria uma besta, não nos competia tecer a nossa opinião.
O Crítico, lexicógrafo, filólogo, professor, tradutor e ensaísta brasileiro, Aurélio Buarque de Holanda, melhor define os verbetes:
Equídeos: Diz-se de, ou espécime dos equídeos, família de perissodátilos que inclui os cavalos, asnos e zebras.
Jumento: Mamífero equídeo, como animal de tração e carga; asno, “burro”, jerico, jegue.
Besta: Quadrúpede, sobretudo o de grande porte
É comum a terminologia e expressões populares, na generalização dos asininos:
“... Asno, burro, jumento ou jegue são nomes vulgares do mesmo animal”.
...“Os cavalos, jumentos e burros, são bestas de carga”.
Ora, o burro é um muar; a generalização na expressão popular e nos dicionários certamente é um equivoco, pois geneticamente, é um animal hibrido originário do cruzamento de duas espécies diferentes: assinino (jumento) e um equino (égua). Portanto, não é o mesmo animal.
Quanto à expressão besta, não nos parece o melhor juízo a referência feita aos nossos admiráveis equídeos.
Aurélio refere-se ao um quadrúpede de grande porte e não faz a referência a um equídeo.
A expressão besta, no sentido bíblico, é figura demoníaca, e não seria justa a comparação com os equídeos.
Besta é figura citada no Apocalipse de São João e sobre a simbologia, ele se diverge. O Apóstolo descreve:
“A besta que subiu do mar e como um monstro de sete cabeças e dez chifres; era semelhante ao leopardo com pés de urso e boca como a do leão”.
“Quanto à besta que subiu da terra, como monstro de dois chifres; semelhante aos cordeiros e que falava como dragão”
A palavra besta no sentido popular é expressada em algumas regiões brasileiras, sobretudo no nordeste, referenciando aos cavalos e jumentos que muito trabalham e suportando cargas além de seus pesos corporais. Também não seria justa a referência para animais, que muito são úteis ao homem ao longo do tempo. Então seriam divinos e não demoníacos, como a besta.
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