Na Cúpula dos Povos, o atual modelo do agronegócio foi criticado e apontado como o principal responsável pela crise alimentar. Esse tema foi muito discutido na Plenária 3, onde se tratou da Soberania Alimentar. Diversas organizações e movimentos sociais do campo nacional e internacional estavam presentes, entre esses, representantes de movimentos quilombolas e indígenas que ofereciam produtos produzidos em suas comunidades.
Sem contar da presença de outras lideranças e manifestantes com objetivos comuns no Fórum Global, o número de visitantes que circulavam fora das tendas e nos pontos de culturas, de um modo geral, despertou o interesse de alguns oportunistas, que nem sequer eram membros envolvidos na agricultura familiar, nativos ou remanescentes.
A venda de produtos produzidos por diferentes povos, principalmente artesanatos indígenas, eram os mais apreciados, tenda em vista, a beleza e variedades feitos de sementes, penas de pássaros e objetos de madeira. Logicamente o trabalho de produção dessas comunidades deve ser valorizado, principalmente, por serem produtos extraídos respeitando o meio ambiente com sustentabilidade, no entanto, a supervalorização de objetos produzidos, até mesmo os mais simples, não era justa.
Cabe aqui esclarecer, que não é intenção desse blog desmerecer ou desvalorizar a arte e talento dos representantes natos de comunidades tradicionais. Conhecemos o real valor desses atores. Era fácil saber e identificar os que se aproveitavam da realização do evento paralelo da Conferencia da RIO +20, para colocar a venda produtos que nem de perto podia ser comparado com os verdadeiros artesanatos produzidos por comunidades tradicionais.
Foi fato, o comportamento em aproveitar do evento para faturar, sem princípios e com interesses indesculpáveis, não alija alguns membros dessas comunidades, tendo em vista, que era fácil encontrar barracas e lonas plásticas no chão com inúmeros produtos, com preços fora da realidade e para os padrões sociais da maioria dos participantes e visitantes que queriam levar uma lembrancinha para recordar do histórico evento. Em uma conversa, um deles chegou a nos confessar: “meu interesse é vender para os gringos”.
Ora, um evento em que os assuntos eram a erradicação da pobreza, a sustentabilidade e o desafio urgente de frear a nova fase de recomposição do capitalismo, não pode ter presente essas figuras que denigrem a imagem de honrosas comunidades culturais.
Lamentável, mas transformaram a Cúpula em um camelódromo cultural.
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