Há duas variedades mais conhecidas desta planta. A Pereskia aculeata Mill, que é a do tipo “trepadeira” e a Pereskia grandiflora Haworth, que tem forma arbustiva.
A P. grandiflora pode atingir mais de 6 metros de altura, apresenta folhas grandes, ovais e brilhantes. Na floração, um buque cor de rosado apresenta-se de forma magnífica. Com a formação dos frutos, cada um em formato de uma pequena pêra, em que muitas vezes, surge na ponta uma nova flor e em seguinte, outro fruto. Uma curiosidade, na formação dos frutos (no buque), vem semelhança a um colar ou rosário, o que provavelmente, deu origem ao nome a planta, Ora-pro-nobis.
Esta variedade (P.grandiflora) é a mais indicada para a composição de “sebes” ou cercas vivas, pois, com mais espinhos, oferece melhor proteção, e a decoração quando bem manejada, fica mais vistosa. Presume-se que a planta seja originária da América Tropical. Segundo o botânico Manoel Pio Correa, citado no Livro de Ouro das Flores (2004), da autora Cecilia Beatriz L. V. Soares – a planta pode ser também, nativa nos estados de Pernambuco, Bahia e Minas Gerais.
Em nossas leituras, notamos que alguns autores, referem-se a planta como originária das Antilhas e litoral do Golfo do México. Fazem nomenclaturas e sinônimos botânicos diversos, inclusive o popular “mata velha” (exemplo: Pereskia acardia Parm. e P. longispina Haw), que também são cactáceas com as mesmas características, então desconsideramos, para não alongar este post e facilitar a leitura de nossos seguidores e leitores, pois é complexa a família botânica das cactáceas (84 gêneros e 1.400 espécies), pois, nem todas são comestíveis ou tão pouco, pode ser utilizadas na agricultura ou na medicina popular, que são utilizadas para aliviar processos inflamatórios e na recuperação da pele em casos de queimaduras.
Há “relatos”, além de lendas, que durante o ciclo do ouro em Minas Gerais, muitas receitas eram preparadas com a planta Ora-pro-nobis, serviu para “matar” a fome de escravos e de seus descendentes alforriados, no entanto, fizemos leituras de trechos em 23 obras, dos anos de 1690 a 1789 (books.google/tradutor) e não encontramos registros da planta sendo utilizada na culinária, sobre qualquer forma, mesmo nas datas do período colonial e do ciclo do ouro no Brasil, apenas encontramos registros de dados botânicos, (plantio, formas de propagação e de manejos em jardins).
Como era nosso interesse, não encontramos referencias ou dados científicos da utilização ou de resultados da planta na alimentação animal, além das informações já contidas na mídia digital. Quanto a dispersão biológica dessa cactácea, as informações se confundem, pois carece de consistência das fontes, para afirmar sua origem, no que concerne ao genero Pereskia.
Como plantar:
Solo: qualquer tipo (melhor com adubação orgânica);
Clima: tropical e subtropical;
Área mínima: Não há, pode ser plantada em jardins e quintais;
Colheita: a partir do terceiro mes após o plantio, inclusive para aplicar uma estética na planta;
Custos: órgãos de extensão rural de municípios, podem fornecer estacas ou mudas;
Cultivo
A variedade mais indicada para cultivo com fins comerciais é a que produz flores brancas. Elas podem ser fornecidas por órgãos de extensão rural ou em feiras de produtores;
Sua rusticidade permite que seja cultivada em diversos tipos de solo, inclusive não exige que eles sejam férteis. A ora-pro-nobis também se desenvolve em ambientes com incidência de sol ou meia-sombra. Melhor no começo do período das chuvas. A planta é resistente à seca, mas o acesso à água nessa fase do cultivo estimula o crescimento dos ramos.
A ora-pro-nobis é propagada por meio de estacas. Para conseguir melhor pegamento das mudas, use a região localizada entre as partes mais tenras e as mais lenhosas da haste. Corte cada estaca com 20 centímetros de comprimento e enterre um terço dele em substrato composto por uma parte de terra de subsolo e outra de esterco curtido. Após o enraizamento, transplante as mudas para o local definitivo.
O espaçamento varia de acordo com a finalidade do cultivo. A ora-pro-nobis pode ser usada como cerca viva, ornamentação e para consumo das folhas. Se a prioridade for o alimento, pode-se adensar o espaçamento, deixando de 1 a 1,30 metro entre fileiras e de 40 a 60 centímetros entre plantas. Mas as folhas podem ser consumidas em qualquer caso, mesmo se a destinação tiver fins ornamentais ou a construção de cerca viva.
Embora seja pouco exigente em adubações, mantenha bom nível de matéria orgânica no solo para um pleno desenvolvimento das plantas e boa produção de folhas. Faça manutenção a cada dois meses e execute podas dos ramos a cada 75 a 90 dias na estação chuvosa e a cada 90 a 100 dias na estação seca, quando a planta deve ser irrigada.
A partir de três meses após o plantio, pode ser iniciada a colheita das folhas da ora-pro--nobis - após a poda dos galhos. As folhas devem apresentar de 7 a 10 centímetros de comprimento. Coloque luvas para a hora da coleta, a fim de evitar ferimentos pelos espinhos. Em geral, cada corte rende entre 2.500 e 5.000 quilos de folhas por hectare, variação que ocorre de acordo com a condução e a época de desenvolvimento da cultura.
Para as postagens da série ora-pro-nobis (andanças) nas Minas Gerais:
Agradecemos as pessoas que conversaram conosco nos municípios de Belo Horizonte, Santa Luzia, Sabará e Taquaraçu de Minas. Os locais foram citados nas postagens.
Nossas leituras:
O Livro de Ouro das Flores – por Cecilia Beatriz L. da Veiga Soares (2002) – Editora Ediouro Publicações – Rio de Janeiro;
Viagem gastronomica através do Brasil – por Caloca Fernandes (2001) Editora Senac – São Paulo;
Manual de olericultura: cultura e comercialização de hortaliças - Ceres 8 – por Fernando Antônio Reis Filgueira (1972) Editora Agronômica;
Horticultura brasileira: revista da Sociedade de Olericultura do Brasil, Volume 24, Editora A Sociedade, 2006;
Frutas: sabor à primeira dentada – por Gil Felippe, Editora Senac, 2004;
Enciclopédia agrícola brasileira: I-M - Volume 4 de Enciclopédia agrícola brasileira, Por Francisco Ferraz de Toledo - Colaborador Julio Seabra Inglez Souza (2004) - Editora EdUSP;
Revista Brasileira de biologia, Volume 57, Edições 3-4 - Autores Academia Brasileira de Ciências, Sociedade de Biologia do Brasil - Editora Academia Brasileira de Ciências, 1997 - Original de Universidade de Michigan;
O Jardim: uma revista ilustrada semanal de jardinagem em todas as suas ramificações, Volume 49, William Robinson - Editora sn, 1896, Original de Universidade de Michigan – Digitalizado/out. 2009;
The Horticulturist, and Journal of rural art and rural taste, Volume 11 - Volume 656;Volumes 890-893 de American periodical series, 1800-1850. Por Andrew Jackson Downing -Published by Luther Tucker, 1856, Original de Universidade da Califórnia Digitalizado/fev. 2009
Sites consultados
Melissotroficas - disponível em: http://www.melissotroficas.com.br/index.asp
Globo Rural - disponível em: http://revistagloborural.globo.com/Revista/Common/0,,EMI160017-18293,00-ORAPRONOBIS.html
Universidade Federal de Lavras – disponível em: http://www2.ufla.br/~wrmaluf/bth037/bth037.html
Plantas Medicinais (USP-EsalQ) – disponível em: http://ci-67.ciagri.usp.br/pm/index.asp
Alem de todos os benefícios desta planta ORAPRONOBIS, ela tem um valor apícola muito grande!! Apicultores atenção para ela!!
ResponderExcluirPrezado João
ResponderExcluirPrimeiramente gostaria de ratificar o fato de que seu blog e seu entusiasmo em mantê-lo atualizado são impressionantes fontes de inspiração.
Parte do que você escreve tem sido utilizada por mim como exemplo e indicação de leitura , principalmente pelas correlações que me permitem fazer entre a tradição e a tecnologia. Desde o meu mestrado tenho defendido que a possibilidade de tal diálogo mostra-se o caminho através do qual possamos enfrentar o colapso dos presentes arranjos produtivos e sociais que experimentamos e que podem vir a gerar, devido à redução de opções, um igual colapso no elementar ato de alimentar-se.
Atualmente estou iniciando uma pequena coleção de sicatas para a cadeira de Morfologia vegetal no curso de Zootecnia da UFPR, e seu artigo sobre a ORA PRO NOBIS, com a devida revisão bibliográfica, ganhou o lugar número 1 das minhas indicações de leitura, seja pela beleza e cuidado com que foi escrita, seja pela excelente revisão de bibliografia.
Tenho algumas perguntas para você:
Apesar de possuir aqui exemplares produtivos de P. aculeata m., não possuo a P. grandiflora Haworth. Além disso, estamos pensando em expandir a base genética de nossos exemplares , recebendo mudas de P. aculeata m. de outros sítios, visando alguns experimentos com as sementes (o modo de propagação menos popular). Nossa finalidade é confeccionar um catálogo de plantas alternativas , com alto teor de proteína, destinados à alimentação de ruminantes.
Siga em frente com seu belo trabalho
A seu dispor
Claudio Oliver
Curitiba - PR
Lamento, mas em Minas desde que me entendo por criança o Ora por nobis é utilizado na culinária e é delicioso.
ResponderExcluirJoao moro em Luziania Goias,ganhei recentemente uma muda de uma planta parecida como ora-pro.nobis, ela é trepadeira, folhas arendodadas e não tem espinhos. nos galhos mais baixo ela se enraiza facil. eu comi folhas dela por duas vezes, e agora estou preocupado me parece que não é a oro-pro-nobis! se tiver tempo vc poderia me tirar esta duvida? por favor me escreva no meu e-mail edivaldo.moreira@hotmail.com
ResponderExcluir