Águas da Prata, localizada na Serra da
Mantiqueira proporciona em seu território uma natureza vasta e exuberante com
belas paisagens e lindas cachoeiras. Por fazer divisa com Minas Gerais, Águas
da Prata também guarda um histórico riquíssimo dos tempos áureos do café e da revolução
de 1932, onde foi palco de alguns confrontos. Contrariando toda uma tradição
histórica brasileira, em que os povoados surgiam ao redor de capelas e igrejas,
Águas da Prata nasceu ao redor de uma estação ferroviária, em função do ciclo
do café.
Logo
após uma divisão administrativa do Brasil, no ano de 1933, o Distrito de Paz de
Águas da Prata, figurava no Município de São João da Boa Vista. Elevado à
categoria de município, passou a denominação de Estância Hidromineral de Águas
da Prata, em julho de 1935 e com uma das principais atividades econômicas, a
exploração de suas fontes de água, fato que a tornou reconhecida nacionalmente.
Devido às características de seu relevo e clima ameno, o município tem um
inegável potencial turístico, atrelado às qualidades medicinais de suas águas e
à riqueza da diversidade da fauna e flora locais, poder-se-ia viabilizar um maior
crescimento econômico cujo “produto” seria a preservação do meio ambiente, mas
não tivemos essa visão em maio de 2015, ao percorrer o Caminho da Fé, projeto
que se iniciou em 2003.
O
desmatamento na região, bem como, a atividade mineraria traz consequência irreparáveis,
tais como o “secamento” de nascentes e de cursos d’água, o assoreamento dos
rios, a esterilidade da terra, a destruição dos ecossistemas naturais, trazendo
a extinção de centenas de espécies de fauna e flora, a destruição da paisagem,
riscos geológicos, sérios problemas na qualidade do ar e mudanças climáticas.
A
importância de todo complexo ambiental e paisagístico de Águas da Prata é
indiscutível, pela excepcionalidade das características existentes.
Levantamentos feitos por biólogos e ecólogos apontaram que na região há espécies
de mamíferos e de pássaros ameaçados de extinção. Levantamento arqueológico
também dá conta que existam no lugar sítios arqueológicos importantes, além do
que a área a ser minerada é facilmente sujeita à erosão.
Na
área rural, o município deveria está sustentado pela agropecuária, distribuída no
plantio de café com 1.100 ha; de batata com 450 ha; pecuária de leite e corte e
suinocultura, das quais não se encontra dados estatísticos confiáveis da
produção. No perímetro urbano a economia está vinculada pura e exclusivamente ao
engarrafamento de água mineral.
Águas
da Prata deve sua existência em razão de grande quantidade de sais minerais
encontradas em suas águas, sendo que a origem do nome vem de uma corruptela do
Tupi Guarani “Pay tâ” que ao ser
pronunciada pelos portugueses tornou-se “Prata”. “Pay tâ”
que quer dizer em Tupi Guarani “Água Dependurada” em virtude da alta
mineralização de águas que ao escorrerem próximas as minas, formam estalactites.
Nos
primeiros tempos, constataram-se, através de uma primeira análise, as múltiplas
propriedades medicinais das águas existentes na região. A divulgação
propagou-se e iniciaram-se as margens da ferrovia a construção das primeiras
casas. Em 1876 foi instalada a primeira engarrafadora de água no então Bairro
de São João da Boa Vista, que mais tarde passou a Distrito com denominação de
Estância Hidromineral, obtendo sua emancipação político administrativa em julho
de 1935. A
descoberta da fonte de água mineral, na margem do Ribeirão da Prata, em 1876 foi
pelo dentista Rufino Luiz de Castro Gavião, que ali fazia caçadas, é atribuída
ao acaso. O tal caçador percorria as terras de um lugar chamado Alegre, quando
percebeu a preferência dos animais silvestres pela água da nascente, resolvendo
prova-la, surpreendeu-se com suas qualidades. O fato foi relatado e comprovado
por outras pessoas.
Com
a inauguração do ramal da Estrada de Ferro Mogiana, ligando Cascavel (hoje
Aguaí) a Poços de Caldas, em 1886, despertou o interesse dos cafeicultores da
região para a estação de embarque da ferrovia no vale banhado pelo Ribeirão das
Prata e o Córrego da Platina, que passaram a construir suas residências junto à
estação, nascendo então um povoado, em 1913, e uma empresa para o fim em questão,
fez surgir toda infraestrutura necessária na região.
Em
1916 fez-se o primeiro hotel e, por iniciativa particular de seus moradores,
foi efetuada a análise química da água das fontes, constatando-se suas propriedades
alcalinas. A vocação para Estância Hidromineral consolidou-se quando químicos
do Departamento Geográfico e Geológico do Estado, pesquisando a região, fizeram
prospecção das fontes, comprovando a viabilidade da exploração econômica de sua
mineração.
É
nessa pequena cidade que no dia 15/08/2003 foi criado o Caminho da Fé, caminho
esse inspirado no milenar Caminho de Santiago de Compostela (Espanha), do qual
é possível percorrer 300 km pela Serra da Mantiqueira por estradas vicinais,
trilhas, bosques e asfalto, proporcionando momentos de reflexão e fé, saúde
física e psicológica e integração do homem com a natureza. A iniciativa
proporciona e contribui com o desenvolvimento econômico e social das pequenas
cidades ao longo do percurso, propiciando a integração cultural de seus
habitantes com a dos peregrinos oriundos de todas as regiões do Brasil e de
diferentes partes do mundo.