Os desbravadores e viajantes para suprir
suas necessidades, foram formando roças (com minguados plantios), pousos e
desordenados povoados. No convívio com os povos primitivos foram impondo sua
cultura, adaptando às condições naturais e sociais encontradas, interagindo com
os povos nativos, gerando formas novas de se expressar, inclusive, mostrando
sua fé.
Ainda ao fim do século XVIII pequenos
povoados se formavam, a maioria com não mais de 30 casas cobertas de sapé (Imperata brasiliensis) e pindoba (Attalea allenii),
onde se erguia uma capelinha singela, de igual cobertura, quase sempre situada
à margem de um rio ou córrego. Para se
chegar até ali, iam se abrindo perigosos caminhos.
As histórias ocorridas nesses caminhos se
vincularam ao ciclo do ouro, e com elas, a produção do patrimônio cultural,
material e imaterial, produzido nos primeiros tempos de colonização, vindo a
sacramentar a nossa belíssima História.
Ao longo desses caminhos, ainda existentes,
que se tornaram Estradas Reais, podem ainda ser encontrada a maioria das
capelas e igrejas construídas na época da mineração, embora apresentem
modificações em suas estruturas e nos detalhes artísticos.
Não são poucas as capelas que compõem
significativos cenários regionais. Algumas são imponentes, foram subsidiadas pela
economia mineira para construir templos tão bem elaborados como as atuais das cidades
do estado de Minas Gerais. Outras são pequeninos templos, significativos, mas
que correspondem aquele modo de viver da população, muito simples, ligado praticamente
a uma economia de subsistência, de beira de estrada.
Acrescido do ululante reforço da fé,
aquelas erigidas de sapé e pindoba, não ostentavam esmero artístico. Segundo
Tirapelli (1984) "As primeiras estruturas das igrejas desse período
possuem acentuada dominância do artesanal sobre o artístico".
As capelas distribuídas ao longo do
Caminho do Sabarabuçu marcam a paisagem, avivam a memória histórica e
constituem parte significativa do patrimônio cultural. Elas merecerão destaque em nossa jornada, feito
a pé (180 km), e irão compor as ilustrações do livro “De Iguaçu ao Sabarabuçu,entre Velhos e Novos Caminhos”, de nossa autoria.
Literaturas
lidas para compor esta postagem:
TIRAPELLI, Percival. A Construção
Religiosa no Contexto do Vale do Paraíba - Estado de São Paulo. São Paulo: Dissertação
de Mestrado, 1983.
ZEMELLA, Mafalda P. O Abastecimento
de Minas Gerais no século XVIII. São Paulo: HUCITEC,
EDUSP, 1990.
ABREU, Capistrano de. Caminhos
Antigos e Povoamento do Brasil. 2a. ed., Rio de Janeiro: Livraria Briguet,
1960.
Outras obras foram lidas e consultadas, entre os meses de maio e agosto
de 2013:
Biblioteca Nacional – Rio de Janeiro
Real Gabinete Português de
Literatura – Rio de Janeiro